sábado, 23 de fevereiro de 2008

Um dia atrás do outro, um eu atrás de outro!

Olhando a minha janela...

Um dia atrás do outro vou ficando por casa…entre quatro paredes o mundo parece familiar!
O coração estremece, as vezes falta-me o ar mas o corpo já sabe que não há pressa…que não há nada para fazer, que não há lugar nenhum para onde ir…
Se quiser sair posso, se quiser ficar, tudo bem.


Depois de anos na correria desenfreada de obrigações, recados, corridas contra o tempo, a velhice e o cansaço, não preciso de fazer nada!
Agora mais do que nunca, nada é garantia de coisa nenhuma…estou aqui e posso estar.
Simplesmente estar!
Tantas vezes quis este tempo, precisei desta pausa…desejei esta calma…


Estou na cama de sempre, em frente à janela de sempre, olhando a rua de sempre. Fui e voltei dessa grande viagem e tudo parece igual ao que deixei!
Os miúdos que voltam da escola são 4 anos mais velhos…muitos passam aqui pela primeira vez…afinal fui eu quem envelheceu!
Recordo claramente a sensação de estar aqui mesmo antes de partir…da incerteza, do medo, da ansiedade!


Desejei tanto sair, correr, ter motivo para ir!


Agora sei que vou ter de ir…partirei de novo, sim, mas para onde? Por quanto tempo? Será esta viagem tão boa como aquela de que agora regresso?
Eu gosto de viajar…sinto que em todas as fases da vida, parar é morrer, e não sair para outro lugar é também uma forma de parar…ando sempre em viagem…mesmo nestes quatro anos em que vivi em Coimbra, andei em mudanças, viajei interiormente, entre o passado e o futuro, entre a realidade e o meu mundo imaginário…até andei para trás, mas nunca parei!


Mesmo agora não me sinto parada…tenho tentado que cada dia seja em qualquer coisa diferente do anterior e também do seguinte! Construí uma lista de propósitos e esforço-me sempre por conseguir mais um visto…ou mais um item para a lista!


É ridículo, mas pensando em tudo o que deixei pendente na minha cabeça até ter “um tempinho” livre, acabo por pensar que estas semanas não serão suficientes para me actualizar de mim mesma e, há coisas que vão continuar pendentes!


De resto os meus dias são como todos…nascem e morrem nas minhas mãos…nem sempre consigo vivê-los, ou fazê-los viver tanto quanto as suas 24horas me pedem; reconheço tudo e acabo por descobrir quase sempre algo de novo…; quem fica de mim é sempre alguém mais velho, mais vivido, mais cansado…nem sempre com mais um dia de vida!

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