Era uma vez...
Um homem que vivia muito atarefado com a sua vida.
Fazia o que gostava e, com mais ou menos sacrifício, saía todos os dias para os seus afazeres.
Apesar de tudo era atento ao mundo que o rodeava e gostava de ajudar os outros.
Um dia no caminho reparou que ao largo, num charco cheio de lama, uma mulher esbracejava...
Sem pensar duas vezes o homem aproximou-se para ver se a senhora poderia precisar de ajuda e, como por mais que chamasse ela não respondia, ele atirou-se ao lago e resgatou-a da lama.
A mulher agradeceu e afastou-se...
Dias depois o mesmo homem, fez o mesmo caminho e de novo viu a mulher esbracejar na lama...
De novo correu e, sem exitar se atirou ao lago para a resgatar...
A mulher corou, mais uma vez se afastou...
Dias e dias se passaram e de todas as vezes que o homem passava por aquele caminho, via a mulher esbracejar na lama e de todas as vezes a resgatava...
Um dia, já cansado e disposto a perceber o porquê daquela situação, voltou a atirar-se ao lago...
Antes que a mulher o deixasse perguntar o que quer que fosse, afastou-o e dizendo-lhe para a deixar em paz...para não se meter mais na sua vida...que aquela era a sua casa!
Que era feliz!
Uma vez num contexto muito próprio, uma amiga minha contou-me esta história...na altura chocou-me muito e durante bastante tempo matutou a minha cabeça e ajudou-me a decidir acerca de como, quando e de que forma me meto na vida dos outros, mesmo que seja para o ajudar...
Os anos passaram e a vida fez-me passar de novo no caminho da mulher da lama...e lá estava ela e lá estava eu, e lá fui eu atirar-me ao lago sem me lembrar da história...sem perguntar à mulher da lama se queria que eu a judasse a sair de lá...
E a mulher da lama quer ficar na lama...
E a mulher da lama diz que é Feliz...
E a mulher da lama pediu-me que a deixasse em paz, e que não me metesse na sua vida...
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