Passo a passo...caminho!

Este fim-de-semana dei um passo que, julgo ser muito importante para alcançar o que procuro…Foi um fim-de-semana cheio de datas a assinalar, por bons e maus motivos, por conquistas e recordações, porque estive comigo e porque estou a preparar-me para estar cada vez mais com os outros!

No sábado “comemorei” 34 meses de AA…para quem compreende em que consiste esta data e o que significa, só tenho a dizer que cada mês é uma nova descoberta, até para mim, do valor desta aliança. Para quem também o fez como eu e para quem me acompanhou nestes 34 meses de crescimento e aprendizagem, o meu Obrigada e Parabéns!

Não gosto de falar disto, mas hoje também faz 34 meses que a Ellie partiu…penso menos em tudo isto do que há meses atrás, mas não há um dia 15 em que ela não me venha à memória, assim como o dia em que se foi…por vezes ela vem-me à lembrança…através de uma música, de um lugar, de algo, e é bom recorda-la…mas não consigo deixar de sentir a sua falta! Espero que estejas em Paz minha amiga…

Mas este fim-de-semana eu cresci! Pois é…”I’ve cleaned out my closet”, como diria o outro! Consegui finalmente libertar-me das cartas, postais, bilhetes e afins que me lembravam os tempos passados até aos 15 anos…e para quem nada sabe sobre isto, tenho a dizer, que é como se eu tivesse conseguido deitar fora o meu passado até à data em que morreu em mim alguém…e que a partir daí, reviveu, e tem sobrevivido até hoje!!!

Abri as caixas ao pó da lembrança e reli cada linha…58 cartas! Cartas de amigas que afinal não o eram tanto assim, de amores que não passaram de ilusões, de confusões, de amizades destorcidas, de aventuras falhadas, de derrotas ou negações…de enganos…de nada disto e de tudo isto e ainda mais!!!

Durante estes últimos anos volta e meia, abria as caixas e revivia tudo outra vez…doía mas também me fazia sentir bem…por momentos ia ao passado buscar o afecto que faltava, a força que eu lá tinha deixado, enfim…continuava a olhar para ontem, como se diz!

Ao folhear, desdobrar, abrir, olhar…vi à minha frente um monte de manifestações de “Amor”, que se diziam dedicadas a mim, por várias pessoas!

Foi muito estranho…pensar que ao longo dos anos houve quem chorou por mim, que me escrever poemas, que me dedicou canções, que me ofereceu presentes…quem me desejou e me quis ao seu lado, para a vida, jurando-me amor eterno!!!

Fez-me pensar que além das coisas próprias da idade, estas provas físicas de que marquei a vida de alguém, deu-me de novo o alento que me davam, cada vez que as procurava para me sentir de novo desejada…mas não posso continuar assim! Não quero viver agarrada a estas “falsas verdades”, não posso viver do “amor” que me tiveram…que tiveram por alguém que não sou, neste momento, de todo, eu!

Quem em conhece sabe que vivo ancorada a demasiadas coisas do passado, incluindo os “eus” que fui deixando para trás e, que para mim as palavras escritas foram sempre manifestações de arte, mas também sinónimos de vida e que me derreto com jogos melódicos, em que as palavras me cantam e me embalam…mais de 25 poemas, só para mim…Camões, Miguel Torga, António Aleixo, Fernando Pessoa e poemas originais…

Sei que mais cedo ou mais tarde vou ter de fazer algo semelhante em relação a estes sete anos que já pasaram depois destes, mas para já foi mesmo muito libertador ter a coragem de destruir estas figuras vivas do meu passado e queimar dentro e fora de mim tudo o que isso significa para mim! Não quero esquecer o que se passou, porque quero aprender com os erros que cometi, mas quero libertar dentro do peito o espaço que estes tipos de “amor” ocupavam, para poder deixar entrar o maior…

Quero sentir-me amada sim, e quem sabe receber de novo tais declarações, mas de Novo…merece-las, conquistar e ser conquistada…não satisfazer-me com o facto de um dia, no refugo da minha adolescência, eu ter sido capaz de causar tudo isso nas pessoas, e isso bastar-me para sempre!!!

Pedro Abrunhosa: "Quem me leva os meus fantasmas"
http://www.youtube.com/watch?v=sqK7Ys155j4