quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Wall to Wall



Quando o dia acaba e me posso encontrar no silêncio com tempo para mim mesma pareço renascer!
Sentada na “nave flutuante da amizade” teclo sem rumo…navego pelas várias páginas da Internet e chego sem saber muito bem porquê ao youtube!
Lá já sei que vou procurar pelo que me preenche: música!
Ao meu lado um pequeno aventureiro dorme sem se importar com que lhe faço ao computador!
Em pouco tempo me esqueço de onde estou e de forma encadeada, passo de canção a canção…de melodia a melodia, de mensagem a mensagem!
O meu coração começa então a sentir que o entendem, que há quem sinta e pense de modo muito parecido a si!
Pesquisas rápidas tornam-se em viagens interiores em que não há ordem de regresso!
Deixo-me levar pela melodia e nos altos e baixos das vozes que me penetram, imagino-me lá e dou de caras contigo!
Sei que estás tão perto que se parar a música te vou ouvir tocar nas teclas do computador na divisão do lado…
Sei que se me encostar à parede quase sinto o calor da tua cama que, apesar das horas ainda não te tem!
Noutros voos poderias estar aqui enquanto vejo isto e eu aí, enquanto escreves isso…e a minha pesquisa seria uma partilha contigo e a tua busca, uma partilha comigo!
Eu mostrar-te-ia as músicas que conheço e tu as que descobriste!
Ia convencer-te de que sei cantá-las, tu, de que elas me podem fazer chorar!
Talvez acabássemos a cantá-las juntos…talvez um de nós, ou os dois, deixasse cair uma ou outra lágrima no ombro mais próximo!

Mas existe uma parede entre nós…

Agora estamos afastados e é melhor assim…
Agora perdi os teus passos e tu, não sabes de mim!
Agora não há palpites, nem confissões…
Restam-nos as canções que ainda contam histórias como as que vivemos ou sonhámos…
Perante esta parede que não sei escalar…sinto-me feliz por saber o que há do outro lado…por saber que vivi esse lugar!
Algo em mim se aconchega na memória quente do que se respira do lado de lá desta fronteira…
Aconteceu tudo tão depressa que não consigo entender ou explicar como viemos parar a esta situação…no fundo nenhum de nós tem coragem de falar sobre isso porque sabe que se pensar tem de agir acerca disso…
Nenhum de nós quer compreender, porque para compreender isto teria de compreender muitas outras coisas…coisas que para serem compreendidas obrigariam a um prolongamento do sofrimento, que nos causa não só o afastamento, como as razões para ter de existir distância…
…Seja ela de que natureza for!
Fizemos de nós mesmos museus de sonhos:…
Bem vedados e preservados, expomos os caminhos que nos trouxeram aqui e por onde pretendemos seguir!
Erguemos estátuas de um passado que queremos presente sob nuvens de futuros que não sabemos se chegarão!
Nas paredes mostramos quadros de memórias que eternizámos no lado esquerdo do peito, cravados a sangue e lágrimas para que ninguém consiga apagar!
Nas janelas colámos palavras desordenadas, das legendas dos quadros que ficaram por pintar!
Ao ler tudo o que acabei por escrever nem sei que pensar…mais uma volta por caminhos que não percorri…mais um retorno a uma imagem que esqueci…ou pensei ter esquecido!
Não sei se isto me faz bem…
Só o saberei depois de reler isto já no blog…é um risco, como poucos que ousamos correr!
Não sei se se poderá tornar ridículo, mas também…só o será para quem não entende, e quem não entende não é tanto quem não tem entendimento…mas sim, quem, tendo entendimento pela razão, não tem capacidade de a perder para, se sentindo louco, olhar a minha loucura e ver a minha lucidez!


Brian McFadden & Delta Goodream - Almost Here

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