quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Na Terra do Nunca


Um destes dias tive a sorte de assistir com uns amigos ao filme

“À procura da Terra do Nunca!”…

Sem me aperceber da grandiosidade de tal encenação, da profundeza de tal fantasia, fui dando por mim a entrar no cenário, nas sequências, nos diálogos, e mais do que isso…

Nas personagens!

Não porque são bons, não porque são atraentes…mas porque são tão «eu», como eu sou quando não penso sobre o que sou, porque são tão o «eu» que sonha, como o sou quando durmo, ou quando vivo o que sonho, ou o que sonho que vivo!

Descobri que afinal a história do “Peter Pan” não é inédita, nem banal, nem fugaz…

Descobri que há muitos meninos que não querem crescer,

Descobri porque não querem crescer…

Descobri que afinal não quero crescer!

Ou por outra, descobri que tenho que crescer, que o sei com certeza, e que até quero, mas não sei como o fazer…não sei como sê-lo de forma diferente daquela que vejo os outros serem, porque não quero ser os outros!

Essa é talvez a diferença entre ser criança e adulto: achar que se pode ser como se é, porque se é assim, e assim, ser feliz e estar-se bem consigo mesmo!

Ver que os outros são diferentes mas mesmo sem perceber, deixar-se existir simplesmente!

Ser adulto é ter de mudar…é ter de se adaptar…é ter de questionar…ter de responder…e tantas vezes, quando procuramos saber, acabamos por descobrir que não queríamos de facto conhecer as respostas!

Agora percebo o aperto que me dava na ponte Pedro e Inês…

Sei o que me dizia o murmúrio do rio que dormia por baixo dela…

Lá eu conheci o meu “Peter Pan”!

Lá, eu conheci a criança que não quer crescer!

Esse “Peter Pan” falou-me da “Terra do Nunca” e prometeu-me que um dia me levaria até esse recanto mágico, onde os seus sonhos são reais e crianças como nós podem ser os adultos que sempre sonharam!

De lá sempre partimos rumo a essa certeza e foi lá que tantas vezes julgámos encontrá-la!

Mas acabou por me deixar fora desse pequeno céu, onde ele reina e é feliz…

(ou quer convenecer-se que é...ou quer convencer os outros que é...)

Onde já existe uma princesa sonhada e feita à medida do pensado!

(Talvez nunca do vivido, mas isso que importa na terra dos sonhos?...)

Cá fora fui chamada ao mundo…os adultos receberam-me e adoptaram-me como sendo um deles!

Agora tenho um espaço e exerço algumas funções que me impedem de continuar criança e me afastam cada dia da abertura do túnel…

Longe da luz que julguei levar-me à felicidade, desbravo outros caminhos e descubro novas formas de existir e de me pensar!

Nessa escuridão “razoável” que existe no mundo “lógico” dos adultos, vou encontrando um ou outro ponto de luz, que mesmo pequeno não me deixa tropeçar…e me vai fazendo crer que um dia, no mundo que eu ajudar a criar…

Os meus bebés vão saber crescer e eu serei então um adulto Feliz!

http://www.youtube.com/watch?v=jGwEXueHvhI

Nota: este texto foi postado numa das pausas de luxo nesse mundo onde agora tento saber ser!

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é! A história do "Peter Pan", desde sempre me fascinou. Não pelo facto de não querer crescer, porque como todos sabemos é algo inevitavel! Mas plo menos sentir aquele gostinho de podermos ser as vezes crianças, num mundo onde todos como nos são também crianças. Mas de longe um mundo perfeito. Lá também ha maus da fita que querem ver os "heróis" derrotados, como se isto fosse o unico objectivo de vida. Plena insatisfação do "Capitão Gancho", porque os bons da fita ganham sempre! Plo menos é o que contam os contos de fadas. E é nisto que quero acreditar.

A verdade é que o mundo lá fora não nos pertence. Por isso todos nós nos refugiamos num lugar que criamos para tentar encontrar alguma felicidade.

Todos nos temos um mundo só nosso. Daí, tal como o peter pan, podermos ir a procura da sombra que nos saiu dos pes e confia-la a quem nos quer bem.

Beijo*****